13 de fevereiro de 2009

Caricatura & Cerâmica de Rafael Bordalo

Zé Povinho - Caixa Toma, 1904 - Faiança


Rafael Bordalo Pinheiro (Lisboa 1846-1905), foi desenhador, aguarelista, ilustrador, precursor do cartaz artístico em Portugal, decorador, caricaturista político e social, jornalista, ceramista e professor.

Fruta do Tempo
auto caricatura
Pontos nos ii, 1885

Começou a fazer teatro, depois teve aulas de desenho e andou na Academia de Belas-Artes, porém não chegou a concluir o curso. Logo cedo, demonstrou grande interesse e aptidão para um gênero então considerado menor: a caricatura.

O dia de hoje, 1881
Publicação Antonio Maria
Rafael Bordallo esteve ligado ao jornalismo, uma vez que não havia fotografia, então as suas caricaturas faziam as ilustrações. Este tipo de trabalho artístico era ainda pouco habitual e quase sempre mal visto pela sociedade, pois naquela época, acentuar os traços físicos, brincar com a cara de cada um era tomado como ofensa, incomodando os visados.

Ele começou a fazer caricatura por brincadeira, e partir do êxito alcançado em "O Dente da Baronesa", em 1870, (folha de propaganda para uma comédia), que Bordalo entrou definitivamente para o cenário do humor gráfico.

Zé Povinho
Álbum das Glórias, 1880

Colaborou com várias publicações espanholas, inglesas e francesas. Com a criação do jornal "A Lanterna Mágica" quebrou a monotonia portuguesa e, a partir daí, lançou vários almanaques, álbuns de caricaturas, jornais e folhas humorísticas, com destaque para "Antonio Maria", "Pontos nos ii" e Álbum das Glórias”.

Em 1875, cria a figura do Zé Povinho, publicada no jornal "A Lanterna Mágica", que veio a se tornar num símbolo do povo português. Nesse mesmo ano, parte para o Brasil onde colabora em alguns jornais e a enviar a sua colaboração para Lisboa.

Ilustração capa
Revista A Parodia, 1903
Bordalo foi um caricaturista de grande imaginação e de inesgotável bom humor, deixando nas suas publicações páginas de fantasia e de espírito.

O seu nome está intimamente ligado à caricatura portuguesa, à qual deu um grande impulso, imprimindo-lhe um estilo próprio que a levou a uma visibilidade nunca antes atingida.

Mesa Posta, 1897 - faiança

Em 1884, paralelamente à sua atividade como caricaturista e ilustrador, passou a dedicar-se à cerâmica que, nas suas mãos, rapidamente, adquiriram um cunho original. Jarras, vasos, bilhas, jarrões, pratos e outras peças demonstram um labor tão frenético e criativo quanto barroco e decorativista, características, aliás, também presentes nos seus trabalhos gráficos.

A criação da "Fábrica de Faianças das Caldas de Rainha" sob a direção artística de Bordalo e a sua instalação na vila, em 1884, contribuiu decisivamente para a revitalização da ancestral cerâmica local, quer pela revolução das formas, quer pela gramática decorativa de raiz naturalista e tantas vezes de uma exuberância a desafiar a realidade. Ele fez das Caldas da Raínha um centro da cerâmica reconhecido internacionalmente.

Jarra Barcarolla, 1900 - faiança
Dedicou-se à cerâmica, dando toda a sua imaginação e criatividade à Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, produzindo grandes peças decorativas. Ele foi caricaturista também no barro, passando à argila a caricatura e o humor. Deu forma a notáveis figuras como o sacristão, o padre, o polícia, a ama de leite e o genial Zé Povinho, ao lado da inseparável Maria da Paciência, figura feminina atuante numa sociedade masculina.

Ele não se restringiu apenas à fabricação de louça ornamental, mas também satisfez dezenas de pequenas e grandes encomendas para a decoração de palacetes: azulejos, painéis, frisos, placas decorativas, floreiras, fontes-lavatório, centros de mesa, bustos, molduras, caixas, e também broches, alfinetes, perfumadores, etc.

Vaso para jardim em
forma de cesto de vime
faiança - s/d

Foram praticamente 20 anos de uma atividade constante, ao longo dos quais percorreu diversas modalidades de expressão, processos técnicos, formas de execução, conceitos formais e recursos tecnológicos próprios do barro.

Rafael Bordalo Pinheiro foi um ceramista e não só um artista plástico que também se interessou pelo barro. Aliás, nunca é demais mais sublinhar, o estatuto de ceramista foi, com a obra de Rafael, elevado a um plano nunca antes atingido em Portugal.


Chavena com auto caricatura, 1882 - Faiança



Chavena com auto caricatura, 1882 - Faiança



Zé Povinho
Barro policromado
Maria da Paciência, 1900
Figura de Movimento
Faiança

O Cura, s/d
Figura de Movimento
Faiança
Polícia Secreta, 1900
Figura de Movimento
Faiança


Saiba e veja mais sobre a vida e obras do grande artista português

Museu Bordalo Pinheiro

Itau Cultural; Oeste Online; Cavacos das Caldas; Centro Virtual Camões;

Cá estamos nós – Efemérides


Nenhum comentário: