18 de março de 2009

Um pouco sobre a argila...



A matéria prima da cerâmica é a argila (clay) , ou melhor, argilas, pois há vários tipos delas.

A argila é o resultado da decomposição de granito e rochas ígneas que existem na crosta da terra. Existem basicamente dois tipos de argila: primárias e secundárias.

Primárias - também chamadas residuais, encontradas no próprio local onde se formam, que são mais puras, mais brancas e menos plásticas.

Secundárias - transportadas pela ação glacial, pelas águas ou pelo vento, que se depositam em fundos de lagos, praias, mares, ou ainda formando desertos. Devido à gradual redução do tamanho de suas partículas, tornam-se mais plásticas e, por conta da grande quantidade de impurezas que as que elas se agregam, são mais escuras, têm ponto de fusão mais baixo e um maior coeficiente de retração, isto é, encolhem mais que as argilas primárias.


PRINCIPAIS TIPOS DE ARGILA

Caulim (china clay) – a mais pura forma de argila. É primária, de granulação relativamente grossa, com muito pouca plasticidade. Se retrai muito pouco durante a queima. Pelo seu teor de alumina, é usada em esmaltes como aglutinante e constitui a principal fonte de branco dos corpos de argila, especialmente a porcelana e a argila de ossos.

Argila de bola (ball clay) – argila secundária, que foi transportada pela água ou sob a água. Com partículas muito finas, funde-se e tem alto grau de retração, proporcionando grande plasticidade e resistência. Também fornece alumina para os esmaltes, escurecendo-os, por conter um alto teor de ferro e materiais carbonáceos. Matura a 1300 °C.

Bentonita – argila com capacidade de absorver grande quantidade de água, até 20 vezes o seu próprio volume. Por isso, é um importante material plastificante das argilas e um agente de suspensão nos esmaltes.

Argila refratária – argilas que foram transportadas pelo vento e pela erosão, carregando consigo óxidos metálicos e sílica. Têm grãos grossos e são resistentes, relativamente puras e isentas de ferro. Normalmente encontram-se em montanhas ou desertos. Por serem refratárias, costuma-se usá-las na construção de fornos, lareiras e manilhas, além de entrarem na formulação de corpos de argila para alta temperatura. Misturadas com argila terracota, servem para esculturas de grandes dimensões, em que os materiais de baixa temperatura se fundem e se ligam às partículas refratárias.

Terracota – literalmente quer dizer argila cozida. O termo é mais comumente usado para indicar cerâmica vermelha de baixa temperatura, não esmaltada, modelada ou usada em arquitetura. Esse tipo de argila é encontrado em grandes depósitos no mundo todo e é comumente usada para confecção de tijolos, telhas, vasos de plantas e objetos utilitários. Para alguma dessas finalidades, a argila pode ser usada da maneira como é encontrada, mas para outras tem que ser preparada com a adição de outros materiais. É uma das argilas mais baratas e, por ser muito plástica, é ótima para o torno e ideal para principiantes. Não é recomendada contudo para esmaltação, pois interfere na cor do esmalte. Aconselha-se tirar proveito de sua cor vermelha ou usar um esmalte bem opaco.




CORPOS DE ARGILA

Poucas argilas naturais são usadas sozinhas. Dependendo das quantidades que se deseja de uma massa cerâmica – mais plasticidade, resistência, textura, maior ou menos ponto de fusão, cor mais clara ou mais escura -, acrescentam-se outras argilas ou materiais cerâmicos. A essa mistura se dá o nome de corpo de argila (clay body).

A base para a maioria das massas é a ball clay (argila de bola) , à qual são adicionados minerais cerâmicos (como feldspato, alumina e sílica) ou materiais não plásticos (como caulim e carbonato de cálcio). Embora se possa preparar as argilas que se deseja, nos grandes centros urbanos pode-se encontrar as misturas prontas em alguns fornecedores.



CORPOS DE ARGILA MAIS UTILIZADOS

Argila de baixa temperatura (earthenware) – é a mais comum e abundante das argilas. Muitas vezes usada em seu estado natural, pode ter as cores vermelha, marrom, cinza ou azul, em função da quantidade de ferro e materiais decompostos que contiver. Como tende a ser demasiadamente plástica, pode ser misturada a outros materiais para melhorar seu desempenho. Naturalmente macia e porosa, depois de queimada quebra facilmente e não retém líquidos, além de ser leve e não resistir a ácidos. Temperatura de queima: entre 1000 e 1200 °C.

Cerâmica pedra (stoneware ou grés) em sua composição é semelhante às rochas, daí o seu nome. A principal diferença entre essa argila e as rochas, é que, enquanto estas se formam naturalmente, a cerâmica pedra é composta de uma seleção de minerais e uma parte de argila plástica. Difere da argila de baixa temperatura (earthenware) em diversos aspectos: é refratária, mais densa, tem baixo teor de óxido de ferro – o que a deixa mais clara – e temperatura de queima mais alta, tornando-se impermeável. O corpo de argila stoneware pode ser mais ou menos granuloso, mas a aparência final da peça depende da temperatura da queima – quanto mais alta, mais fechada e lisa ficará. Utensílios domésticos feitos com stoneware são mais pesados que os produzidos com earthenware. Temperatura de queima: 1200 e 1280°C.

Porcelana - argila branca de alta temperatura, de textura muito fina e dura depois de queimada. Pode ser translúcida ou opaca, dependendo da composição e da densidade de sua massa, constituída de caulim, feldspato, quartzo e ball clay. Pouco plástica, a porcelana é difícil de ser torneada ou manuseada. Não é, portanto, comumente usada para utilitários. Sua temperatura de queima de biscoito (a primeira queima, que cozinha o barro deixando-o resistente) deve ser de pelo menos 1000°C para que a peça fique resistente. A queima de esmalte é feita entre 1280°C e 1300°C.

De um modo geral, as matérias primas usadas em corpos de argila, esmaltes e pigmentos para argilas chegam aos ceramistas na forma de um pó, finamente moído. Alguns podem ser identificados por suas cores e todos se originam de rochas ou de depósitos no solo. Existem, entretanto, várias e diferentes maneiras de extraí-los.


Fonte: Coleção Oficinas: Cerâmica - Ed. Senac Nacional.

3 comentários:

Unknown disse...

Uma riqueza de informação. Muito interessante a página. Continue nos trazendo essa riqueza de informação. Parabéns também por compartilha seu conhecimento e sensibilidade.

Grata

Maria Elizabeth Pires da Costa

Unknown disse...

Obrigada! Estou começando um cursinho básico em um ateliê e n tenho acessos a todas as informações básicas em teoria. Fico feliz em poder guardar todas essas informações. Muito Obrigada!

Jef disse...

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