15 de novembro de 2008

A arte sonhadora de Paul Gauguim

Paisagem do Taiti, 1893


Eugène-Henri-Paul Gauguin, (Paris, 1848 - Ilhas Marquesas, 1903) pintor pós-impressionista francês, que exerceu grande influência na evolução da arte moderna. Filho de um jornalista republicano, após a chegada de Napoleão III ao poder, sua família emigrou-se para Lima, Peru, onde cresceu. Aos sete anos, voltou para a França (1855) e foi estudar em Orleans e Paris. Aos 17 anos, se alistou na marinha mercante francesa, servindo até o ano de 1871. Depois, trabalhou numa corretora de valores parisiense e, em 1873, casou-se com a dinamarquesa Mette Sophie Gad, com quem teve cinco filhos.

O Sena à ponte d´Iéna
Tempo de Neve em 1875
Aos 35 anos, após a quebra da Bolsa de Paris, tomou a decisão mais importante de sua vida: dedicar-se totalmente à pintura. Foi em uma exposição impressionista, em 1874, que confirmou o seu desejo de ser pintor. Logo seus quadros também começaram a ser aceitos em exposições. Camille Pissarro teve um interesse especial por suas obras, e o apresentou a Cézanne. Expôs pela primeira vez em 1876. Mas não seria uma vida fácil, tendo atravessado dificuldades econômicas, problemas conjugais, privações e doenças.

Após uma temporada com a família da mulher em Copenhague-Dinamarca, que acabaria por conduzir ao rompimento do casamento, estabeleceu-se em Pont-Aven, Bretanha, onde sua arte amadureceu.

O Dia dos Deuses, 1894
Em 1887, fez uma viagem à Martinica que o levou a trocar o impressionismo pela arte primitiva. A exaltação da cor, as formas sintetizadas e os valores simbolistas e decorativos já estão presentes nas obras dessa fase. Seu estilo já estava definido em 1888, quando foi passear dois meses desastrosos em Arles em companhia de Vincent Van Gogh.

Mulheres do Taiti, 1894
Em 1891, em busca da arte e da vida primitivas, Gauguim que já tinha se estabelecido como um líder entre os artistas e os poetas de Paris, porém, ainda extremamente pobre, tomou a decisão de se fixar no Taiti em busca de novos temas, para se libertar dos condicionamentos da Europa. Suas telas surgem carregadas da iconografia exótica do lugar, e não faltam cenas que mostram um erotismo natural, fruto, segundo conhecidos do pintor, de sua paixão pelas nativas. A cor adquire mais preponderância representada pelos vermelhos intensos, amarelos, verdes e violetas.

Camponesas Bretanhas, 1894
Embora Gauguin amasse as terras tropicais, a vida continuava dura, e em 1893 ele retornou a Paris, na esperança de que suas telas taitianas viessem a ser uma sensação e, por fim, trouxessem-lhe fama e segurança.

Após dois anos de decepções e após uma temporada na Bretanha, Gauguin fixou-se novamente no Taiti. Já estava então doente, e seu mal foi agravado por uma condição sifilítica não-diagnosticada. Hospitalizado com muita frequência, engajava-se em trabalhos braçais e às vezes na política e no jornalismo locais. Sua produção artística era irregular; ainda assim, nessa segunda fase taitiana criou algumas de suas obras mais importantes, como "De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?", uma tela enorme que sintetiza toda sua pintura, realizada antes de uma tentativa de suicídio.

De onde viemos? O que somos? Para onde vamos? - 1897


Em 1901, Gauguin retirou-se definitivamente da civilização que o intimidava, estabelecendo-se nas Ilhas Marquesas. Seu prazer nesse novo paraíso foi rapidamente estragado por sérios conflitos com as autoridades locais. Ele ainda estava recorrendo contra uma sentença de três meses por crime de difamação quando sua vida turbulenta foi difinitivamente cortada por um ataque cardíaco, em 8 de maio de 1903.

Nos anos seguintes, a sua obra, que abrange ainda a escultura, a cerâmica e a gravura, influenciará muitas das principais correntes artísticas do início do século XX: expressionistas, fauvistas, primitivistas, talvez mesmo os primeiros surrealistas.


Escultura e Cerâmica de Paul Gauguim

Veja e saiba mais sobre suas obras: Musée d'Orsay

1892-1893

1895
1886

1889

"In art, all who have done something other than their predecessors have merited the epithet of revolutionary; and it is they alone who are masters."

"Na arte, todos os que fizeram algo diferente de seus antecessores têm merecido o epíteto de revolucionário, e só eles é que são mestres."

Paul Gauguim


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