Caroline Harari nasceu em São Paulo, em 1958. É formada em História pela Universidade de São Paulo e especializada em arqueologia e restauração patrimonial. Com olhar de pesquisadora, colecionava rendas e bordados de todas as épocas e partes do mundo. Chegou a catalogar centenas de exemplares e organizou várias exposições no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. Além do Brasil, já expôs na França, Holanda, Itália e, neste ano, no Japão.
Passou a utilizar as rendas e bordados como um elemento que é sobreposto e absorvido pelo barro. Depois de amassar bem a argila, a ceramista carimba a renda no barro e corta as laterais para dar o contorno. Então, transporta para uma fôrma de gesso, pressiona bem, retira a renda e, já com a renda decalcada, depois de 15 dias de secagem, vai ao forno a temperaturas que variam de 0 a 1300o C. Assim a peça ganha resistência sem perder a delicadeza. Esse encontro inusitado do barro com a renda, universos distintos se integram, criando uma certa reciprocidade plástica e técnica. Passam então a ser moldados de acordo com o saber fazer repleto de detalhes e segredos próprios do ofício da cerâmica.
“Com o tempo as rendas ficam vulneráveis, mancham, emboloram. Quando viram cerâmica, suas belas tramas se revelam e não precisam ser alvejadas ou engomadas. Estão perfeitas, práticas, duradouras”, diz a artista. “E elas nos impõem uma viagem ao romantismo do passado, nos lembram que muitas mulheres imigrantes chegaram ao Brasil apenas com suas agulhas e aproveitavam o tempo mais lento para bordar e adornar os tecidos. Assim os muitos saberes do Oriente e da Europa se juntaram nas rendas e nos bordados, que hoje deixam de ser utilitários para serem emoldurados como arte”, conta Caroline.São muitos os tipos de renda e também as cores da argila – no Brasil são encontrados 275 tons diferentes, que passeiam pelos ocres, laranjas, amarelos, crus. O que provoca infinitas combinações.
Daí resultaram essas criações originalíssimas, onde às vezes o próprio barro se converte em renda ou o bordado nele recria delicadas incisões e relevos de um barrado que ali fosse gravado de modo aleatório. O que em todas elas se preserva são as mesmas formas primordiais e o gesto primitivo da mão que modela o barro, como desde sempre fez o homem para criar objetos cerâmicos.
Ela também se dedica a transportar para a cerâmica a variada textura de cestos indígenas feitos de palha. “A argila é barro com água e, quando é esticada por dentro dos cestos, imprime a textura deles e, quando seca, solta naturalmente da fôrma”, explica Caroline. E assim ela segue casando os materiais e resgatando as raízes de nossa cultura.
Fontes: (saiba mais)
http://www.acasa.org.br/ensaio.php?id=23&modo=
http://www.acasa.org.br/exposicoes/barro/principal.swf
http://bonsfluidos.abril.com.br/extra/a/harmonizacao2.shtml
http://www.zonad.com.br/zonad/detalhes.aspx?Node=703
http://www.letraseleituras.com.br/entrevistas/?a=caroline_harari
Um comentário:
por favor,estou fazendo um trabalho sobre o oficio cerâmica, e preciso de informações ligadas a exploração, autonomia e importância deste oficio com a sociedade achei sua página rica pode me ajudar?aguardo respostas
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