17 de outubro de 2008

A Cerâmica de Caroline Harari

BARRO & RENDA

Caroline Harari nasceu em São Paulo, em 1958. É formada em História pela Universidade de São Paulo e especializada em arqueologia e restauração patrimonial. Com olhar de pesquisadora, colecionava rendas e bordados de todas as épocas e partes do mundo. Chegou a catalogar centenas de exemplares e organizou várias exposições no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. Além do Brasil, já expôs na França, Holanda, Itália e, neste ano, no Japão.

Na década de 90, começou um curso de cerâmica. Aprendeu várias técnicas, mas não conseguia nem a simplicidade e precisão das peças feitas pelos orientais nem tinha jeito para fazer os efeitos geométricos empregados por outros artistas. Ela confessa que foi por essa inabilidade que descobriu um estilo próprio e original. “Um dia peguei uma das rendas e imprimi na argila, usando uma antiga técnica dos índios e dos africanos. Deu certo e encontrei meu caminho entre a história e esse artesanato tão rico e apaixonante”, conta Caroline.

Passou a utilizar as rendas e bordados como um elemento que é sobreposto e absorvido pelo barro. Depois de amassar bem a argila, a ceramista carimba a renda no barro e corta as laterais para dar o contorno. Então, transporta para uma fôrma de gesso, pressiona bem, retira a renda e, já com a renda decalcada, depois de 15 dias de secagem, vai ao forno a temperaturas que variam de 0 a 1300o C. Assim a peça ganha resistência sem perder a delicadeza. Esse encontro inusitado do barro com a renda, universos distintos se integram, criando uma certa reciprocidade plástica e técnica. Passam então a ser moldados de acordo com o saber fazer repleto de detalhes e segredos próprios do ofício da cerâmica.

“Com o tempo as rendas ficam vulneráveis, mancham, emboloram. Quando viram cerâmica, suas belas tramas se revelam e não precisam ser alvejadas ou engomadas. Estão perfeitas, práticas, duradouras”, diz a artista. “E elas nos impõem uma viagem ao romantismo do passado, nos lembram que muitas mulheres imigrantes chegaram ao Brasil apenas com suas agulhas e aproveitavam o tempo mais lento para bordar e adornar os tecidos. Assim os muitos saberes do Oriente e da Europa se juntaram nas rendas e nos bordados, que hoje deixam de ser utilitários para serem emoldurados como arte”, conta Caroline.São muitos os tipos de renda e também as cores da argila – no Brasil são encontrados 275 tons diferentes, que passeiam pelos ocres, laranjas, amarelos, crus. O que provoca infinitas combinações.

Caroline Harari se dedicou a pesquisar exaustivamente a produção cerâmica, da qualidade do barro aos processos de queima, para alcançar enfim a inacreditável leveza de suas peças feitas em fornos de alta temperatura, da mais moderna e sofisticada tecnologia.

Daí resultaram essas criações originalíssimas, onde às vezes o próprio barro se converte em renda ou o bordado nele recria delicadas incisões e relevos de um barrado que ali fosse gravado de modo aleatório. O que em todas elas se preserva são as mesmas formas primordiais e o gesto primitivo da mão que modela o barro, como desde sempre fez o homem para criar objetos cerâmicos.

Ela também se dedica a transportar para a cerâmica a variada textura de cestos indígenas feitos de palha. “A argila é barro com água e, quando é esticada por dentro dos cestos, imprime a textura deles e, quando seca, solta naturalmente da fôrma”, explica Caroline. E assim ela segue casando os materiais e resgatando as raízes de nossa cultura.


Fontes: (saiba mais)

http://www.acasa.org.br/ensaio.php?id=23&modo=
http://www.acasa.org.br/exposicoes/barro/principal.swf
http://bonsfluidos.abril.com.br/extra/a/harmonizacao2.shtml
http://www.zonad.com.br/zonad/detalhes.aspx?Node=703
http://www.letraseleituras.com.br/entrevistas/?a=caroline_harari

Um comentário:

Anônimo disse...

por favor,estou fazendo um trabalho sobre o oficio cerâmica, e preciso de informações ligadas a exploração, autonomia e importância deste oficio com a sociedade achei sua página rica pode me ajudar?aguardo respostas