13 de março de 2009

Cerâmica Marajoara

Foto: Galeria de Claudiosmo (Flickr)



A cerâmica indígena brasileira é considerada uma das mais antigas das Américas, tendo sido encontrado objetos produzido há cerca de 5000 anos. Os índios, especialmente os que viviam às margens dos rios Amazonas, São Francisco e Negro, utilizavam muito o barro. O trabalho mais conhecido talvez seja o da Ilha de Marajó, a maior ilha fluviomarinha do mundo, localizada na foz do Rio Amazonas, no Estado do Pará, ao norte do Brasil.

A Cerâmica Marajoara, tida como a mais antiga arte cerâmica do Brasil e uma das mais antigas das Américas, foi desenvolvida entre os anos 400 e 1350 de nossa era, período caracterizado pela ampla e sofisticada quantidade de objetos rituais, utilitários e decorativos produzida por antigos ocupantes da Ilha de Marajó.

Na época, os índios confeccionavam vasilhas, potes, tigelas, garrafas, torradores, inaladores, pratos, estatuetas, urnas funerárias, apitos, chocalhos, bonecas de criança, cachimbos, porta-veneno para as flechas, tangas (ou tapa-sexo), pingentes, adornos labiais, tortuais de fuso, bancos, etc.

Para aumentar a resistência do barro eram agregadas outras substâncias-minerais ou vegetais: cinzas de cascas de árvores e de ossos, pó de pedra e concha e o cauixi, uma esponja silicosa que recobre a raiz de árvores, permanentemente submersas.



As peças eram acromáticas (sem uso de cor na decoração, só a tonalidade do barro queimado) e cromáticas. A coloração era obtida com o uso de engobes (barro em estado líquido) e com pigmentos de origem vegetal. Para o tom vermelho usavam o urucum, para o branco o caulim, para o preto o jenipapo, além do carvão e da fuligem; e os objetos eram zoomorfizados (representação de animais) ou antropomorfizados (forma semelhante ao homem ou parte dele), mas também poderiam misturar as duas formas zooantropomorfos.

A Cerâmica Marajoara é bastante resistente e apresenta padrões decorativos com traços gráficos simétricos e harmoniosos, em baixo e alto relevo, entalhes, aplicações e outras técnicas. Conhece-se cerca de 15 diferentes técnicas de acabamento, que combinam de maneira variada o engobe branco e vermelho, incisões, excisões (relevos) e pintura. Dentro do estilo Marajoara, existem sub-estilos que se distribuem por diferentes regiões da ilha.



Foto: Galeria de Claudiosmo (Flickr)



Após a queima, em forno de buraco ou em fogueira a céu aberto, a peça recebia uma espécie de verniz obtido do breu do jutaí, material que propiciava um acabamento lustroso.

Alguns arqueólogos encontraram objetos de cerâmica em bom estado de conservação, realizados com destreza, tendo em conta as formas esguias e curvilíneas perfeitamente moldadas, e delicadamente decorados e pintados.

A fase marajoara termina em torno de 1350, abandonada ou absorvida pelos novos migrantes, os aruãs, presentes na ilha na chegada dos europeus.

A cerâmica marajoara pode ser conhecida por meio das grandes coleções do Museu Emílio Goeldi, em Belém; Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro; Museu de Arqueologia e Etonologia da Universidade de São Paulo - MAE/USP, em São Paulo; e o Museu Universitário Professor Oswaldo Rodrigues Cabral. Além de museus fora do Brasil, como o American Museum of Natural History, em Nova York, e o Barbier - Mueller, em Genebra.



Foto: Galeria de Adilson Karafá (Flickr)



Entre os mais significativos espólios de cerâmica da região, o Museu do Marajó, criado em 1972, por Giovanni Gallo, (um dos maiores responsáveis pela memória e resgate da civilização indígena na ilha), tem como objetivo promover e dar a conhecer ao público a cultura e a arte de uma civilização já remota, reunindo objetos da cultura da região – usos e costumes.

Os traços simétricos e cores da decoração marajoara podem ser encontrados até hoje no artesanato local de Belém e da Ilha de Marajó. Diversos artesãos, sobretudo no distrito de Icoaraci, Belém, (um pólo de produção artesanal de cerâmica no Estado do Pará), dedicam-se à preservação e renovação da cultura marajoara. A maioria dos ceramistas são descendentes de índios (caboclos) e mantêm uma tradição de produção cerâmica que vem sendo passada de geração em geração.

Mestre Cardoso iniciou a produção de réplicas da cerâmica arqueológica, em Icoaraci, e incentivou outros artesãos a fazerem o mesmo. Através dos anos, esta prática tem ajudado a divulgar a cultura indígena e estimular o turismo na região.



Clique aqui e assista ao video sobre a arte da Cerâmica Marajoara.


Leia mais... Itau Cultural; Marajoara.com; Ceramicanorio; Wikipédia; Icoaraci; Terra Brasileira

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá Profissional Ivete G.:

Achei seu site/blog bem interessante!
As explicações (até com o VÍDEO tb!) são bem bacanas...
Acho esta arte (a Marajoara) muito bonita, diria que até uma "coisa própria do Brasil"!
Também faço algumas coisas em artesanato (velas, caixas, outras); até tenho alguns objetos (comprados) na arte marajoara - prato de parede, potes...
E vendo algumas fotos de tal no Google (e foi onde encontrei seu blog): existem até CAMISETAS com tal estampa... e até TATUAGENS (bom, imagino que a primeira que mencionei agora SEJA MELHOR: risos!).
É isso. Valeu mais uma vez, aprendi mais com o site!

Abraços,
Rodrigo Rosa (Porto Alegre)

http://rodrigo-arte.blogspot.com/

roh_artes@yahoo.com.br

Yasmin disse...

Muito legal,me ajudou muito com suas imagens,estou fazendo um trabalho sobre cerâmica marajoara por favor se você tiver alguma coisa interessante sobre algum tipo de arte mande para o meu e-mail,adoro seu blog,quando tiver novidades me mande meu e-mail é : yasminmoreira13@hotmail.com
desde já agradeço...
beijos,yasmin...tudo de bom pra você e que seu blog só melhore a cada dia.