11 de dezembro de 2011

Ikebana - A arte que harmoniza




"Quando a arte domina a natureza as forças interagem em sincronia para exaltar a beleza, a paz e a harmonia."



Sobre o Ikebana

Ike significa vida e bana significa flor. Uma boa tradução seria "vivificação da flor" ou "flores vivas". Ikebana é a arte de compor flores naturais, prolongando o máximo possível a expressão de sua beleza e harmonia.

Também chamada kadô, ou o caminho das flores, Ikebana é uma arte floral milenar que pertence à cultura nipônica. É mais do que simplesmente colocar flores em um recipiente, é uma arte, no mesmo sentido que a pintura e a escultura. Tem como base certos princípios de arte reconhecido mundialmente. De todas as artes tradicionais japonesas, talvez a mais conhecida e intensamente praticada nos dias de hoje.

A arte da ikebana existe há mais de mil anos, no Japão. Mas não foi lá que nasceu e sim na Índia, junto com o budismo. Buda viu um galho caído no chão e pediu que fosse colocado em um recipiente com água. Daí se passou a praticar Ikebana como uma forma de louvor a Buda.

Os primeiros a conhecer a arte das flores foram os chineses. Por volta de 587 d.C., uma missão cultural japonesa foi enviada para a China. Era a época da abertura do Japão para outros povos. Isso aconteceu no reinado do príncipe Shotoku. Quem comandou a missão foi o primo de Shotoku, Ono-No-Imoko. Na China, ele se encantou com a arte das flores e com sua representação: levar para dentro de ambientes fechados um pedaço da natureza e reproduzir, assim, riachos, montanhas, cachoeiras.

Assim sendo, o Ikebana nasceu em decorrência do costume religioso de oferecer enfeites florais a Buda e começou a ser adaptada à cultura nipônica ainda no século XVII, com a difusão do Chadô (Cerimônia do Chá), quando foi criado um estilo de arranjo próprio para os ambientes em que a cerimônia era realizada. Foi Ikenobo Senkei que introduziu o arranjo floral na sala de chá. Como era de se esperar, a decoração floral em sala de chá não devia produzir um efeito de beleza elegante, mas sim expressar pureza e simplicidade em um esforço para penetrar as profundezas da natureza.

O arranjo Ikebana é uma expressão criativa dentro de determinadas regras de construção. Em sua forma básica, o arranjo Ikebana segue um padrão fixo: um triângulo cujos vértices representam o shin, soe e tai (céu, homem e terra), tendo cada um a sua função primordial: shin é o galho principal e determina a forma geral do arranjo; soe tem a função de apoiar o shin, e o tai estabelece a harmonia e o equilíbrio entre o shin e soe. Esse arranjo floral cria uma harmonia de construção linear, rítmica e colorida.

Existem várias escolas de Ikebana e cada uma tem seu estilo próprio. No Japão, milhares de escolas ensinam a arte do Ikebana. No Brasil, há apenas 17 registradas, mas todas trabalham com os princípios básicos de harmonia entre o homem, o céu e a terra.

Na arte da Ikebana podem ser usados galhos, frutos, grama, folhas, flores, sementes, enfim, qualquer substância natural. É raro observar um arranjo floral desprovido de folhagem natural, geralmente são poucos ramos de uma árvore ou arbusto e algumas flores.

A "matéria-prima" usada também tem importantes significados. Na cultura japonesa, o Ikebana se preocupa em mostrar a passagem do tempo e, conseqüentemente, em retratar as estações do ano. Assim sendo, o passado, aparece em flores desabrochadas ou secas; o presente, em flores semi-desabrochadas ou folhas perfeitas; e o futuro, em botões. Os arranjos de primavera têm curvas vigorosas; os de verão, formas em expansão; os de outono, formatos delgados; e os de inverno, aspecto dormente.

Há muitos estilos de Ikebana, com diferentes filosofias por trás de cada um, cada qual segue suas próprias regras e técnicas de arranjo, sem perder de vista o essencial da arte.

O estilo fundamental do ikebana é o rikka. Nesse estilo, grupos volumosos de galhos saem de vasos em posição vertical para representar shumisen, a montanha sagrada de todos devotos do budismo, e apontam para o céu para indicar a fé; há sempre um pinheiro alto, no centro, para representar a beleza da paisagem japonesa. Hoje, é um estilo considerado antiquado.

Há também o shokka, feito a partir de três galhos: o primeiro determina a forma geral do arranjo e é considerado representação do homem; o segundo apóia o primeiro e é considerado representação do céu; e o terceiro harmoniza os primeiros e é considerado representação da terra. O arranjo shokka costuma ter formato meia-lua.

Do shokka surgiram mais duas técnicas: o nagueire que quer dizer lançado para dentro e o moribana que quer dizer flores empilhadas.

O nagueire é um "estilo livre", usado em decorações de interiores. Nele, a escolha de galhos e flores prioriza o que estiver disponível, e a disposição prioriza a harmonia entre os materiais e a base: um vaso fundo, jarra ou pote alongado. O moribana, surgido no século 19, é um estilo que tenta reproduzir uma paisagem ou um jardim. Traz recipientes baixos e achatados e flores e folhagens abundantes, além das características mais cênicas. Arranjam-se as flores e galhos como se estivesse empilhando-os.

Qualquer que seja o estilo, os praticantes de Ikebana valorizam o seu aspecto espiritual, onde o silêncio necessário para a concentração na hora de fazer os arranjos, faz o praticante viver aquele momento e apreciar as coisas da natureza, que por si só já trazem muitos significados.

O Ikebana desenvolve a habilidade manual e o espírito de observação. Até hoje, a prática da Ikebana como arte, com suas regras e fundamentos, traz para quem a pratica, equilíbrio interior, paz, harmonia e tranqüilidade. O praticante se torna mais compreensivo e amoroso.


Sen'ei Ikenobô, um famoso grão-mestre na arte de Ikebana, disse um dia:

"As flores dispostas de maneira bela num vaso confortam as pessoas em suas vidas diárias. Se você for capaz de sentir a beleza das flores, será capaz de dispô-las, não importando o sexo, a idade ou a nacionalidade."



Vasos em Cerâmica para Ikebana






Veja mais:

www.georgetownpottery.com



Aprenda a fazer uma Ikebana passo-a-passo:

www.nj.com.br/especial/especial_20070718.php



Saiba mais sobre o assunto:

www.fjsp.org.br/guia/cap05_b.htm

http://nikkeypedia.org.br/index.php/Ikebana

www.culturajaponesa.com.br/htm/ikebana.html

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